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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Com 56 jornalistas mortos em 2018 pelo mundo, casos já superam balanço de 2017

MUNDO
Organização Repórteres Sem Fronteiras pede a nomeação de um representante especial da ONU para a proteção de jornalistas, medida apoiada por vários países.
FOTO: REPRODUÇÃO
O número de jornalistas mortos de janeiro a setembro de 2018 no exercício da profissão já ultrapassa o total de 2017. Até o dia 1° de outubro, 56 jornalistas morreram por causa de suas atividades profissionais, de acordo com um levantamento feito pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O Brasil registra três casos."Embora 2017 tenha sido o ano menos letal em 14 anos para a profissão, 2018 reverte essa tendência de queda", destaca a associação em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (11), em Paris.
Segundo o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, o número alarmante de mortes chama a atenção para a necessidade urgente de aumentar a segurança dos jornalistas em suas coberturas. A ONG investiga atualmente pouco mais de uma dezena de casos.
A RSF pede a nomeação de um representante especial da ONU para a proteção de jornalistas, uma medida apoiada por vários países, incluindo a França. A solicitação também conta com o suporte de 130 empresas jornalísticas, organizações e sindicatos em todo o mundo.

Afeganistão tem o pior registro

O Afeganistão, com 13 jornalistas mortos desde o início do ano, é o país com o maior número de casos em 2018. Apenas no dia 30 de abril, dez jornalistas morreram no território afegão. Naquela data, nove deles foram vítimas de um duplo atentado em Cabul, incluindo o editor-chefe de fotografia do escritório local da AFP, Shah Marai. No mesmo dia, Ahmad Shah, um correspondente da BBC, foi assassinado por homens armados no leste do país.
Um total de 29 jornalistas (52%) foram mortos em zona de guerra ou em áreas de conflito armado desde o começo do ano. Além do Afeganistão, o Iêmen (5 mortos) foi particularmente afetado, além de Paquistão, Palestina, Síria e Somália, com dois casos cada um.

rfi

sábado, 12 de agosto de 2017

DF



Bandidos reincidentes espalham violência e medo pelo Distrito Federal


A analista do Ministério da Cultura, Maria Vanessa Veiga Esteves, 55 anos, foi assassinada na terça-feira (8/8) quando chegava em casa, na 408 Norte. Ela foi abordada por dois homens no estacionamento do bloco em que residia e, em seguida, esfaqueadaReprodução

Um crime violento, em uma das regiões mais movimentadas de Brasília, fez explodir a sensação de insegurança entre os moradores do Distrito Federal. A analista terceirizada do Ministério da Cultura e pós-graduanda da Universidade de Brasília Maria Vanessa Veiga Esteves, de 55 anos, foi covardemente assassinada, com uma facada nas costas, durante um assalto na porta do bloco onde morava, na 408 Norte. O latrocínio chocou os brasilienses pela brutalidade e frieza dos bandidos, e também porque a dupla que abordou Vanessa na noite da última terça-feira (8/8) estava em liberdade, mesmo sendo reincidente em roubos violentos.
A mineira, que escolheu viver em Brasília por achar a capital da República uma cidade tranquila, agiu de acordo com as orientações das autoridades de Segurança Pública em todo o mundo: entregou a bolsa e não reagiu à ação dos ladrões. Ainda assim, foi esfaqueada, o que deixou especialistas e policiais do DF perplexos. “Foi um crime covarde, cruel, bárbaro e hediondo. Não havia a menor necessidade de matar a vítima”, lamenta o titular da 2ª Delegacia de Polícia do DF, Laércio Rosseto, responsável pela investigação.
Os dois autores desse latrocínio eram velhos conhecidos da polícia do Distrito Federal. Alecsandro de Lima Dias, de 26 anos, cumpria prisão domiciliar e tinha passagens por recepção e dois assaltos. Seu comparsa, de 15 anos, também coleciona atos infracionais, inclusive roubos. Segundo as investigações, eles queriam trocar os objetos da vítima por drogas.
A morte dessa senhora é um grito de alerta porque ocorreu no Plano Piloto, onde não é habitual esse tipo de crime, com incidência maior nas periferias. O caso é emblemático e mostra que a curva de violência parece ter saído do lugar no Plano"
George Felipe de Lima Dantas, consultor em segurança pública
Mas o caso de Maria Vanessa não é isolado. Entrou para a triste lista dos recentes crimes bárbaros registrados nas cidades do DF. Também tombou por mãos criminosas o comerciante Clodoaldo Alencar, atingido por um tiro dentro de sua loja de motos, em Sobradinho, no última dia 3. Em 21 de julho, o vigilante Carlos Carvalho Pereira foi alvejado por bandidos que invadiram seu local de trabalho, no Ginásio de Esportes da Candangolândia. Ele estava desarmado. O taxista José Soares Brandão e a professora Raquel Costa Miranda reforçam a estatística e a dor de inúmeros familiares e amigos.
Livres e reincidentesHá outra característica comum entre essas ocorrências: o fato de boa parte dos autores já responder por outros crimes violentos, mas permanecer livre até matar uma vítima. Uma situação que aumenta o terror da população e desanima as autoridades policiais. O chefe da Comunicação da Polícia Militar do Distrito Federal, major Michello Bueno, por exemplo, apreendeu o adolescente de 15 anos que esfaqueou a servidora do Ministério da Cultura no dia 28 de julho. O garoto foi flagrado pelo militar em uma tentativa de roubo a pedestres na 306 Norte.
É uma situação que causa um retrabalho para polícia. Temos que estar constantemente capturando os mesmos criminosos. E só prendemos em flagrante. Mas no outro dia esse indivíduo está nas ruas. É chato para os policiais porque têm casos de crimes graves e eles continuam soltos. Acaba que somos cobrados pela população, que não entende o porquê dessas pessoas não estarem presas"
Major Michello Bueno, chefe da Comunicação da PMDF
Os números levantados pela Secretaria de Segurança e da Paz Social apontam que, de janeiro a julho deste ano, 20 brasilienses morreram vítimas de latrocínio. No mesmo período de 2016, foram 28 ocorrências. A incidência de homicídios para a mesma época é de 270 contra 334 registros no ano passado. Na comparação com julho de 2016, as tentativas de homicídio cresceram 35%: foram 81 ocorrências neste ano contra 60 no ano passado.
Em 50% dos casos de latrocínio registrados em 2017 foram utilizadas armas de fogo. O segundo instrumento preferido dos bandidos são as armas brancas, opção em 28% das incidências. Objetos contundentes (11%), violência física (6%) e perfurocortante (5%) fecham a materialização dos roubos seguidos de morte.

Prevenção e ambienteEspecialistas ouvidos pelo Metrópoles apontam que a prevenção ao crime e o ambiente influenciam diretamente nas ocorrências. O professor e consultor em segurança pública George Felipe de Lima Dantas vê na tecnologia uma ferramenta para evitar esses atos.
“O investimento na tecnologia é melhor do que a reação para algo que já aconteceu. Efetivos são poupados e podem operar em menor número quando deixam de fazer patrulhamentos aleatórios para conter o fenômeno da violência quando ele ainda está em formação”, explica.
Esse tipo de contenção de crimes é chamado de policiamento preditivo. Ele é recorrente e aplicado com sucesso em cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles. A Polícia Militar do Distrito Federal conta com uma Central de Inteligência, enquanto a Secretaria de Segurança Pública (SSP) dispõe de um setor voltado apenas para o suporte às chamadas operações de inteligência. Ele é gerido por Marcelo Ottoni Durante, subsecretário de Gestão da Informação (SGI).
“A Asa Norte não tinha um latrocínio há quatro anos. E, na Asa Sul, tivemos um em fevereiro. Esses casos acontecem de forma esporádica. O que tentamos é prevenir onde eles mais ocorrem, assim como os casos de roubo, que podem vir a gerar o latrocínio. Nosso foco é no roubo e no recolhimento de armas nas ruas”, detalha Marcelo Durante.
Estudioso em ambientes do crime, major da PMDF e pesquisador de prevenção criminal da Universidade de Brasília (UnB), Isângelo Senna avalia que o ambiente onde ocorreu o assassinato de Maria Vanessa Veiga era seguro. Mas considera que algo deu errado – e isso deve ser levado em consideração para conter a violência nas ruas do Distrito Federal.
A quadra em questão tem as características de prevenção criminal: apartamentos baixos, sem cerca, com boa visibilidade, pilotis, árvores podadas. Elementos que eram para inibir [a violência] e falharam. O que fica é a certeza da impunidade, nada mais inibe"
Isângelo Senna, PM e pesquisador de prevenção criminal da UnB


FONTE: METRÓPOLES